
Em novembro de 2000, enquanto lia o 1º Capítulo de Mateus, que relata sobre o nascimento de Jesus e meditava sobre este texto, ouvi claramente a voz de Deus dizer: “Você terá um filho e lhe porá o nome de Emanuel”. Naquele momento não entendi o que estava acontecendo e tão pouco se era real ou algo da minha imaginação, os dias foram passando e me esqueci deste episódio.
Após 30 dias descobri que estava grávida, neste exato momento me lembrei do que me acontecerá no mês anterior e entendi que aquela era a voz de Deus. O próprio Deus havia me dito a respeito de meu filho. Não tinha dúvidas, estava grávida de um menino e chamaria Emanuel.
Em 27 de Julho de 2001 ás nove horas da manhã nasce o esperado e prometido Emanuel, o Deus conosco. Emanuel trouxe alegria a nossa família. Emanuel trouxe a certeza da presença de Deus e de que tudo iria bem, afinal Deus o próprio havia prometido eu estarei com vocês. Esta promessa nos encheu de segurança, meu filho vai ser saudável, nada de mal vai acontecer a ele ou a nossa família.
Porém, toda esta segurança se desmoronou quando ao levá-lo ao pediatra para uma consulta. Ele constatou que o Emanuel estava com o baço aumentado, a princípio apenas alguns exames de sangue e para nossa tranqüilidade todos negativos. O pediatra voltou a apalpar e tranqüilizou ao dizer que havia desinchado talvez fosse reação da infecção na garganta.
Passados 30 dias ao apalpar a barriga do Emanuel, percebi que o baço permanecia aumentado. Procurei outro pediatra e este me pediu um ultrassom para confirmar o diagnóstico. O resultado foi positivo e o diagnóstico fora confirmado, Emanuel era portador de Esplenomegalia (baço aumentado). Foi a primeira vez que ouvi esta palavra, porém apesar de ouvi-la não entendia a gravidade deste que poderia ser apenas um sintoma de uma enfermidade grave. A lista de enfermidades que podem estar por detrás de uma simples Esplenomegalia é enorme e a maioria me fora relatada naquele momento.
Ao sair daquele consultório estava transtornada, sem saber o que fazer ou mesmo o que estava acontecendo e para piorar a incerteza do que estava por vir. A alegria dera lugar a tristeza, a segurança de que Deus estava conosco dera lugar as dúvidas e questionamentos. Aquele resultado havia me tirado o chão. Começamos uma longa caminhada. Em Carangola realizamos vários exames. Enquanto aguardava os resultados muitas lágrimas eu me sentia abandonada por Deus. Enfim, os resultados chegaram todos negativos, mas ainda não estava este era apenas o começo, fomos encaminhados para um hematologista em Juiz de Fora.
Em Juiz de Fora, pesquisas e exames foram realizados todos, para o nosso alívio negativo. Em Carangola mais sangue foram coletados, e lâminas foram enviadas para o próprio médico examinar, para a Glória de Deus e para a nossa tranqüilidade todos negativos. Esta nossa caminhada até Juiz de Fora se seguiram por três anos, enfim o médico nos liberou,pediu apenas que fosse realizados exames de rotina uma vez por ano, ordem que seguimos restritamente até o dia de hoje.
Para nós este foi apenas um período de grande tempestade, mas que Deus acalmara. Ele estava conosco nesta tempestade e estava cumprindo a sua promessa, estava conosco nos livrando e guardando de todo mal.
Era um tempo de conquista, Deus estava conosco como prometera. Emanuel apesar da esplenomegalia era uma criança normal. Desde que o hematologista nos liberou passaram-se aproximadamente 3 anos e meio. Emanuel falava, corria, brincava, jogava vídeo-game, andava e estudava. Estava desenvolvendo normalmente suas funções motoras e intelectuais, o tempo de cantar chegou, estava tudo na mais perfeita ordem e podíamos respirar aliviados.
Foi quando comecei a percebei algumas mudanças nele. Não brincava mais e não jogava vídeo-game, só queria assistir televisão. Lembro-me que fomos à praia e o máximo que conseguíamos segurá-lo lá era uns 40 minutos e queria voltar para a TV. Na escola começou a desenvolver dificuldade para o aprendizado, após muitas reclamações na escola e confirmação da professora particular levei-o ao neuro. Realizamos o eletro e o diagnóstico foi TDHA. Iniciamos então o tratamento com Ritalina.
Na escola no decorrer do ano letivo apesar das dificuldades estava devolvendo bem. Em Agsoto de 2008 notamos um problema na fala. Emanuel agora estava com muitas dificuldades para falar. O neuro disse ser normal “Vamos cuidar de seu filho”. Então acreditei.
No dia 3 de Novembro aconteceu algo que para mim foi inesperado, Emanuel teve a sua primeira crise epilética. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Fomos ao mesmo neuro. Realizamos Tumografia, Ressonância e Eletro, apenas o último dera reações epiléticas.
Os dias foram passando e as crises foram aumentando apesar do medicamento que não fazia efeito algum. Neste momento a pergunta: Onde está o Deus Emanuel? Não havia respostas. O Emanuel tinha várias crises por dia, 7 ou 8 diariamente. Não podia ir mais para a escola, ou quando ia eu tinha que buscá-lo no pronto socorro porque cairá na escola por contas das crises. Junto com as crises vieram as perdas motoras e intelectuais, Emanuel não é mais a mesma criança.
A nossa busca por um diagnóstico tem sido incessante. Muitos neuros foram procurados, psiquiatras, muitos outros exames foram realizados e nem uma resposta até o momento. Todas as portas estão fechadas. A enfermidade de meu filho Emanuel é uma incógnita.
Este ano Emanuel está completando 10 anos as crises diminuíram, mas não foram controladas. A busca por respostas e por uma cura continua. A nossa rotina é cansantiva. Ele é uma criança agitada, precisa de cuidados e terapias. Ele faz terapias semanais com fonoaudióloga, psicopedagoga e fisioterapeuta. Não tem sido fácil para nós.
E o Deus Emanuel? Onde se encontra? Um dia desses lembrei-me da passagem em que Jesus estava no barco com os seus discípulos e sobreveio uma grande tempestade, os discípulos ficaram atônitos, desesperados e pensaram que seriam destruídos por aquela tempestade.
Jesus estava presente e a tempestade veio assim mesmo. O que temos passado com o Emanuel assemelha-se a uma grande tormenta. Nos deixou atônitos, desesperados e perplexos e pensamos que Deus nos abandonou em meio a esta tormenta, e perguntamos onde está Deus?
Atualmente, sou pastora da Igreja Metodista, e em meio a esta durbulência consegui me formar em Teologia pela UMESP. Estou servindo a Igreja Metodista em Lacerdina e o faço com muita alegria, pois amo a Deus acima de todas as coisas, eu louvarei não importa as circunstâncias.
O problema ainda existe, porém hoje posso dizer com toda certeza “Deus está conosco”. Não digo por que sou pastora, mas por que tenho experimentado o Deus presente. Ele tem me fortalecido em meio às lutas. Deus me feito tirar forças em meio às fraquezas. Sinto Deus a cada instante e sei que Ele no seu KAIRÓS(tempo) se levantará.
A minha preocupação é com ensinos teologicos da atualidade quando muitos pastores (as) pregam um evangelho sem lutas. Aquele que permanece em Cristo esse dá muito fruto, disse certo pregador televisivo um dia desses citando o texto de João 15.4. De acordo com ele o que permanece em Jesus não pode ter lutas apenas vitórias. Os frutos que devem produzir são de prosperidade. Que diríamos da vida do apóstolo Paulo quando declara “Tudo posso naquele que me fortalece”. Posso passar por bonança e por escassez. Tanto sei ser humilhado quanto sei ser exaltado. Será que Paulo não passava por lutas e não morreu com um espinho na carne.
Que diríamos, pois de Jesus e seu ministério. Ele disse “No mundo tereis aflições, tende bom ânimo eu venci o mundo”. E os demais apóstolos? Foram presos, açoitados, perseguidos, lançados as arenas para serem comidos por leões. E a igreja primitiva quantos mártires?
O Deus que servimos é o mesmo ontem e hoje. Ele é o Deus do impossível. O que não é possível aos homens é possível a Deus. Porém não devemos esquecer que Deus é soberano, e nos somos seus servos e temos que estar dispostos a cumprir a sua vontade, Ele tem os seus meios e métodos.
Deus está conosco como nos prometeu. Tem estado presente em meio fogo e não permite que nenhuma chama arda em nós. Tem estado presente em meio às turbulentas águas, mas a sua mão tem sempre nos trago a tona para respirar. No deserto nos prove o necessário para a caminhada. Este é o Deus Emanuel, Deus presente, Deus bem perto que tem se revelado a nós diante de cada novo desafio.
Pra. Lussanda Moreira